sexta-feira, 9 de maio de 2014

Onan, O Mago


Este blog não receberá mais atualizações. Na verdade, não conseguiria atualizá-lo nem se quisesse. Acredito que o enfoque para o qual ele fora criado se perdera. Talvez porque eu tenha tentando forçar esse enfoque a se adaptar a minha personalidade, e não o contrário. Portanto, resolvi criar outro blog que estivesse em harmonia comigo e com o meu alter-ego. E eis que após uma noite de meditação surge...





O novo blog versará sobre Ocultismo, Filosofia & Cotidiano de uma forma mais leve e menos acadêmica. Espero que gostem.


Escrito por Leonard :::

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cornelius Agrippa - Base da Filosofia Oculta


Cornelius Agrippa descreve que a compreensão mágica e o seu uso fundamenta-se no estudo, a priori, de três filosofias: a natural, a matemática e a teológica. A natural ensina as coisas do mundo: suas causas, seus efeitos, os eventos, tanto o todo quanto a sua parte. A matemática ensina a quantidade das coisas: um estudo quantitativo, complementar ao qualitativo estudado pela filosofia natural. O teológico, por último, ensina o que é Deus, a inteligência, a alma, os anjos e os demônios.

Atualmente, parece-me que estes estudos foram deixados de lado. E a consequência disto são as inúmeras operações mágicas que não passam de atos teatrais, com resultados auto-induzidos que dão a falsa sensação de ter-se obtido uma experiência mística e transcendental. Atualmente, os elementais tornaram-se demônios (salamandras, ondinas, silfos e golens), ao invés de apenas representarem as suas qualidades (vivacidade ou morbidade, sutileza ou rusticidade, serenidade ou impulsividade).

O problema jaz na corruptibilidade dos autores modernos, ao ensinarem um ocultismo distorcido e de magia circense. Aparentemente, nunca na história da humanidade falou-se tanto em ocultismo, e, ao mesmo tempo, nunca este assunto esteve tão bem oculto-escondido.


Escrito por Leonard :::

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A Morte


Compendio dos ensinamentos de Don Juan Matus a Castaneda sobre a morte:

– Aquelas são as luzes na cabeça da morte. A morte as coloca assim, como um chapéu, e depois parte a galope. Aquelas são as luzes da morte a galope se aproximando de nós, aproximando-se cada vez mais.

Senti um arrepio... Mas as luzes não estavam mais lá. Disse a ele que o carro devia ter parado ou saído da estrada.

– Não. A morte nunca pára. Às vezes, apaga as luzes, só isso.

(...)

– Somente a idéia da morte torna o homem suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a qualquer coisa. Um homem assim, porém, não tem anseios, pois adquiriu um amor calado pela vida e por todas as coisas da vida. Sabe que a morte o acompanha e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo que ele experimenta, sem anseiar, tudo de todas as coisas.

– A morte tem dois estágios. O primeiro é o desmaio. É um estágio sem significado, muito semelhante ao primeiro efeito de mescalito, em que a gente experimenta uma leveza que nos faz sentir felizes, completos e que tudo no mundo está bem. Mas esse é apenas um estado superficial; logo desaparece e a gente entra num novo reino, um reino de dureza e poder. Esse segundo estágio é o verdadeiro encontro com mescalito. A morte é muito como isso. O primeiro estágio é o desmaio superficial. O segundo, porém, é o verdadeiro, onde a pessoa encontra a morte; é um breve momento, depois do primeiro desmaio, em que descobrimos que, de algum modo, somos nós mesmo de novo. É então que a morte se choca contra nós numa fúria muda, até dissolver nossas vidas no nada.

– A morte é nossa eterna companheira. Está sempre à nossa esquerda, à distância de um braço. Ela o estava espreitando quando você observava o falcão branco; sussurrou em seu ouvido e você sentiu o frio dela, com hoje. Ela sempre o espreitou. Sempre o fará, até o dia em que te tocar.

– Você é o menino que seguia a caça e esperou pacientemente, como a morte espera; sabe bem que a morte está à nossa esquerda, assim como você estava à esquerda do falcão branco.

– Como é que alguém pode sentir-se tão importante quando sabe que a morte está no seu encalço? O que se deve fazer quando se é impaciente – continuou ele – é virar-se para esquerda e pedir conselhos a sua morte. Você perderá uma quantidade enorme de mesquinhez se sua morte lhe fizer um gesto, ou se a vir de relance, ou se, ao menos, tiver a sensação de que sua companheira está ali, vigiando-o.

– A morte é a única conselheira sábia que possuímos. Toda vez que sentir, como sente sempre, que está tudo errado e você está preste a ser aniquilado, vire-se para sua morte e pergunte se é verdade. Ela lhe dirá que você está errado, que nada importa realmente, além do toque dela. Sua morte lhe dirá: “ainda não o toquei”.

– Num mundo em que a morte é o caçador, meu amigo, não há tempo para remorsos nem dúvidas. Só há tempo para decisões.


Trechos dos livros, Uma Estranha Realidade e Viagem a Ixtlan, escritos por Carlos Castaneda.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Sutilezas do Cotidiano


É minha rotina, já faz um tempo, jantar no bandejão de minha universidade antes de voltar para casa. Como de costume, vejo o cardápio [apesar de sempre saber que servem sopa (desculpe-me pela aliteração :D)], lavo as mãos [por questão de higiene] e depois adentro a fila. Após uma breve espera, chega a minha vez de tomar a bandeja, os talheres e, por conseguinte, a sobremesa. A sobremesa era doce de banana. Dizem que é muito saborosa, mas seu aspecto é bastante repugnante, e eu tenho problemas com certos tipos de alimentos [talvez por isso eu seja um pouco magro =P].

Rejeitei a sobremesa e segui à próxima etapa. Enquanto a mulher colocava as duas conchas de sopa que me é de direito, percebi que havia outro tipo de sobremesa numa bancada atrás [Cremogema! Oba! :D]. Prontamente pedi a servente se ela não poderia pegá-la para mim. Ela me atendeu! Fiquei feliz, mas só por um breve momento.

Toda minha atenção estava voltada à sobremesa. Quando eu estava colocando-a no espaço reservado na bandeja, outra servente [a do arroz] tascou arroz por cima da sopa. Uma tragédia! Ela ainda me perguntou se eu queria mais, fui cortez e disse não com um sorriso bem amarelo. A situação se invertera. Eu não queria comer a sobremesa devida sua aparência, mas agora tinha de engolir sopa com arroz [algo inédito para mim].

Sentei-me à mesa. Olhei com asco a bandeja a minha frente, pois geralmente eu tenho ânsia de vômito a determinadas 'misturas' de comidas. Passei alguns segundos deprimido até ser, então, abençoado com o espírito hermético da "Nova Schin". Ele baixou em meu corpo e disse: "Experimenta! Experimenta!". Não tive escolha. Preparei-me, numa das mãos a colher com 'soparroz'; na outra, o suco para me ajudar caso não conseguisse engolir a gororoba.

E o resultado: Sucesso! Percebi que a ânsia de vômito que tanto me atormentara quando criança havia se atenuado. Consegui comer toda a comida, embora eu ainda me sentisse um tanto desconfortável por mastigá-la. Refleti durante um bom tempo toda cena ocorrida. Pude ver que certos medos, sejam ocasionados por desastres pretéritos ou um por uma simples irracionalidade psíquica, podem ser superados. Na verdade, eles serão superados em alguma etapa de nossas vidas, e se não for nessa, será n'outra ou n'outra ou n'outra... ;D

E a conclusão da minha reflexão? Sabe, parece-me que existe um agente místico que sempre nos põem à prova. Nesse dia eu pude ‘sentir’ suas gargalhadas, gargalhadas de um verdadeiro traquinas. Ele me pregou uma peça. Ele me obrigou a me superar...


Escrito por Leonard :::

terça-feira, 17 de abril de 2007

Cena 02: Corrente


Toda vez que sento-me aqui para apreciar a paisagem desta janela, uma estranha força paira sobre minha cabeça. Perece-me impossível resisti-la, então sucumbo às suas ordens. Deixo de ser homem, para me transformar numa besta. Fico ali acorrentado pelos meus próprios intintos.

Tu já pensastes em nunca mais voltar àquela janela?

Sim...

(...)

A quem eu quero enganar? Não é a janela, não! Eu a uso apenas como pretexto para justificar as minhas fraquezas, que me acorrentam e que me sufocam. Sou apenas um fantoche nas mãos de uma criança desleixada. Será que mereço melhor sorte?

Nenhum esforço que a vida lhe impõem é forte demais que os seus braços não a aguentem.


Escrito por Leonard :::

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Cena 01: Espelho


Existem dois espelhos em casa. Um sempre diz que estou bonito; o outro, que estou feio. Depois que percebi isso comecei a chamá-los somente de "Bonito" e de "Feio".

Excêntrico!

Na verdade, toda vez que olho o "Bonito" eu consigo ver um brilho em meus olhos. Isso me faz recordar a imagem de um grande amigo bem ali em minha frente, que há muito tempo eu havia esquecido... Às vezes penso que seja apenas um reflexo de tudo que tenho de bom; das minhas virtudes.

(...)

Mas... Quando olho o "Feio", não vejo brilho algum... Somente um reflexo de um corpo sem vida, semelhante a de uma besta. Não gosto de olhá-lo. Ele sempre mostra meus defeitos. Gosto mesmo é de ver o espelho "Bonito".

Tu precisas mesmo é de uma boa dose de whiskey!

Beber não fará com que as coisas mudem. Quando eu voltar o espelho estará lá, como todas as manhãs, ele estará lá. Não importa que eu o mude de lugar, ele ainda estará lá.


Escrito por Leonard :::

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Escravidão pela Imagem


Por que alguns magistas simplesmente não consiguem aceitar Jesus Cristo?

Em uma primeira análise, isso deve-se ao fato deles olharem somente para a imagem de Jesus, esquecendo-se de suas obras. Ele, naquela época, tentou reformar alguns conceitos do judaísmo; tirar o ranço que impregnava aquela religião. Não desejava criar uma outra, queria apenas extirpar a idolatria e mostrar o real sentido da religião, que é o de religar-se ao uno.

Hoje em dia, para muitos, não importa mais o que dizem, mas sim quem diz.

Exemplificando: existem situações em que numa conversa fulano fala que alguém disse tal coisa, então beltrano pergunta quem disse. Fulano fala que foi cicrano e então beltrano replica – bem, se foi cicrano quem disse é porque deve ser verdade. Outras situações, quando beltrano fica preso a uma idéia e fulano não consegue alertá-lo de seu erro, ele recorre ao cicrano e diz – cara, o beltrano está mal e vai cometer uma besteira, avise-o desse erro, ele tem maior respeito por ti, vai lá falar, ele certamente te ouvirá.

Em outras palavras, o ser geralmente está condicionado a ter determinadas reações de acordo com o que cada pessoa representa para ele. Preso a estereótipos, tende a superestimar quem conhece ou subestimar quem desconhece (ou vice-versa), de acordo como a situação o sensibiliza; as simpatias ou antipatias geradas estabalecem seus próprios pré-conceitos. Essa mesma situação se aplica à imagem que se tem de Jesus.

E o porquê disso tudo? Li num blog, recentemente, este trecho que tratava sobre liberdade, mas que reflete bem esse assunto: "Os objetivos nos quais o desejo se orienta são içados na memória do ente. E memória é reflexo do passado. Tudo isto pertence ao âmbito da temporalidade... E só se é livre sendo atemporal".

A paixão ou o ódio que se tem por determinadas pessoas e conceitos são temporais. Libertar-se destes preconceitos é saber hoje que amanhã eu os observarei com outros olhos, que os compreenderei.


Escrito por Leonard :::

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Verdades sobre a Magia


A magia trevosa é basicamente emocional. Só funciona nas vítimas que estiverem na mesma freqüência emocional dos feiticeiros e seus asseclas astrais.

A energia gerada pelas egrégoras trevosas funciona através do ódio, do medo e da sugestão, e o objetivo é sempre a dor e o desespero.

Na verdade, o que todo feiticeiro deseja é a ditadura espiritual e o domínio sobre os outros, através das forças elementais da natureza. O feiticeiro deseja comandar, mas acaba, ele mesmo, sendo um escravo das forças perversas que desencadeia.

O mal vai e vem. A semeadura das ações é livre, mas ninguém deve esquecer-se de que a Lei do Carma é inexorável e regulada por códigos siderais, que estão além do entendimento dos homens.

Se a semeadura é livre, a colheita é obrigatória.
Quem planta o mal, acaba colhendo espinhos.

Quem planta amor não é bem compreendido no seio de seus irmãos terráqueos, que chafurdam ainda na animalidade, mas é compreendido pela natureza e pelo tempo, que, na devida ocasião, lhes apresentará os frutos harmônicos do bem, pois, quem planta amor colherá, sem dúvida, muito carinho pela eternidade afora.

Que ninguém se esqueça da própria imortalidade e nem dos atributos internos que cada pessoa deve ter.

A melhor maneira de defender-se do mal não é usar nenhum amuleto, círculo mágico ou ritual obscuro, mas sim, usar o talismã do bom pensamento, a magia branca do amor e do perdão, o mantra da boa palavra, a energia do sentimento e, acima de tudo, o ritual de ser uma pessoa equilibrada a todo instante.


Escrito por Wagner Borges

quarta-feira, 26 de julho de 2006

O Recipiendário


O mago dispõe de uma força que conhece, o feiticeiro procura abusar do que ignora. O mago é soberano pontífice da natureza, o feiticeiro não passa de um profanador. O feiticeiro é para o mago o que o supersticioso e o fanático são para o homem verdadeiramente religioso.

Antes de ir mais longe, definamos claramente a magia. A magia é a ciência tradicional dos segredos da natureza, que nos vem dos magos. Por meio desta ciência, o adepto se acha investido de uma espécie de onipotência relativa e pode agir de modo que ultrapassa a capacidade comum dos homens.

Saber, ousar, querer, calar - eis os quatros verbos do mago, que estão escritos nas quatro formas simbólicas da esfinge. Estes quatros verbos podem combinar-se mutuamente de quatro modos e se explicam quatro vezes uns pelos outros.

(...)

Aprender a vencer-se é, pois, aprender a viver, e as austeridades do estoicismo não eram um vã ostentação de liberdade! Ceder às forças da natureza é seguir a corrente da vida coletiva, é ser escravo das causas segundas. Resistir à natureza e dominá-la é fazer para si uma vida pessoal e imperecível, é libertar-se das vicissitudes da vida e da morte. Todo homem que está pronto a morrer ao invés de abjurar a verdade e a justiça, é verdadeiramente vivente, porque é imortal na sua alma.

A inteligência e a vontade têm por auxiliar e por instrumento uma faculdade muito pouco conhecida e cuja onipotência pertence exclusivamente ao domínio da magia: quero falar da imaginação, que os cabalistas chamam o "diáfano" ou o "translúcido". Efetivamente, a imaginação é como o olho da alma, e é nela que as formas se desenham e se conservam, é por ela que vemos os reflexos do mundo invisível, ela é o espelho das visões e o aparelho da vida mágica: é por ela que curamos doenças, que influímos sobre as estações, que afastamos a morte dos vivos e ressucitamos os mortos, porque é ela que exalta a vontade e que lhe dá domínio sobre o agente universal.

A imaginação é o instrumento da "adaptção do verbo".

A imaginação aplicada à razão é o gênio.

A razão é una, como o gênio é uno na multiplicidade das suas obras.

(...)



Trechos do Capítulo 1, O Recipiendário, do livro Dogma e Ritual de Alta Magia, escrito por Eliphas Levi